Tecnologia, como ferramenta de conhecimento que promove ou possibilita o desenvolvimento e aprimoramento de técnicas, estando totalmente sujeita a fatores ligados ao tempo, à história, pode estender-se, através do homem, aos seres vivos em sentido qualitativo e quantitativo. É através deste conjunto de modos, práticas e métodos, que é a tecnologia, que os seres humanos chegam a realizar novas descobertas capazes de, geralmente, executar de maneira mais cômoda e eficiente atividades a eles essenciais e/ou peculiares não só no campo inteiramente físico ou químico, mas também no biológico, no campo dos seres vivos. Para isto, o conhecimento do funcionamento o mais detalhadamente possível destes seres é cabal, e este conhecimento vai permitir justamente a aplicação de tecnologia sobre eles, aparecendo, assim, a biotecnologia.
É uma prática da biotecnologia provocar a alteração das respostas naturais de seres vivos a estímulos determinados. É justamente aí onde o conhecimento detalhado do funcionamento dos organismos vai permitir experimentações tecnológicas que visem às espécies assumirem comportamentos estratégicos em suas respostas a estímulos específicos, visando, mais praticamente, interesses econômicos ou sociais.
Uma das maneiras mais promissoras para o estabelecimento da biotecnologia no meio científico foi a eficácia de sua relação com a genética. E, dentre os organismos vivos que melhor possibilitaram esta relação, estão os fungos. Isto porque estes seres, como eucariotos e terem um curto período de reprodução, puderam ser usados facilmente em manipulação genética e, assim, ajudar na resolução de vários problemas do âmbito, gerando interessantes conteúdos de conhecimento. Foi descoberto com os fungos, por exemplo, em 1941, que genes são responsáveis pela produção de proteínas, como as enzimas. A partir daí, uma intensa quantidade de novas informações a respeito dos sistemas genéticos chegou aos cientistas, informações que confirmaram plausivamente as teorias relacionadas à hereditariedade, consolidando de vez a biotecnologia, ou seja, criando o terreno essencial para seu estabelecimento. E o grande responsável por tudo isto foi o fato de estarem justamente na genética as mais interessantes maneiras de manipular, da forma mais aspirada, os sistemas vivos, controlando as formas sob as quais proteínas, aminoácidos, e carboidratos, dentre outros, bem como ações direta e indiretamente deles dependentes surgem nas células e tecidos.
Observando-se um fator conhecido como variabilidade natural, foi possível, através de cruzamentos entre linhagens, desenvolver populações de fungos mais apropriadas aos interesses industriais, como aconteceu com a espécie fúngica Penicillium chrysogenum, produtora da penicilina; um melhoramento genético bastante significante fora realizado sobre esta espécie. É interessante citar a importância de algumas técnicas bastante utilizadas pela biotecnologia moderna, como o DNA recombinante e a fusão de protoplastos; por meio destas técnicas foi possível adicionar ao pool gênico de algumas espécies novas características, aumentando seu valor biotecnológico. Esta adição de novas características significa adição de novos genes e, no caso dos fungos, existindo várias espécies que não causam qualquer injúria ao seres humanos e outros mamíferos, é bastante satisfatório utilizá-los como hospedeiros de genes originais de outros organismos. Foi esta utilização, por exemplo, que permitiu a produção de substâncias como a insulina, o hormônio de crescimento humano e o interferon, sinteticamente.
Assim, os fungos vêm desempenhando um importantíssimo papel cada vez mais importante para a evolução da biotecnologia, sendo importante também citar o fato de que, por em bactérias (hospedeiros tradicionais de genes clonados) proteínas não serem modificadas de maneira apropriada, e esta modificação dar-se a nível excelente em fungos, o rendimento em peso por litro do produto desejado é, em geral, maior quando fungos são utilizados como hospedeiros.